No segundo texto da série, falarei um pouco sobre Madrid, palco do primeiro jogo da outra semi-final da UEFA Champions League, Real Madrid x Barcelona.
Não é preciso nem falar da importância do confronto - isto é óbvio! Estarão em campo muitos dos melhores jogadores do mundo e alguns duelos ressaltam. Só a título de exemplo, o embate entre o melhor goleiro do mundo na atualidade (Iker Casillas) contra o melhor atacante e jogador do mundo (Lionel Messi); ou então o que envolve um dos maiores zagueiros do mundo, Gerard Piqué, que vive fase esplêndida e Cristiano Ronaldo! É claro que não serão apenas estes duelos que determinarão o jogo. Há muito mais que se analisar, mas isso eu deixo para os especialistas (que aliás já devem estar estafados de tanto tocarem no assunto "Real e Barça"). Fala-se tanto no jogo que não se tem nem tempo para apreciar a partida, que, de fato, é o mais importante a ser feito.
Além de serem as duas melhores equipes do mundo, trata-se de uma das maiores rivalidades no futebol. E por falar em rivalidade, não se pode deixar de citar o aspecto político-histórico que envolve os dois clubes (e as duas cidades). Sem querer me intrometer em assunto tão complexo, vou apenas colocar uma pimenta nesse caruru: a Espanha se formou como Estado a partir da união entre as coroas de Castela e Aragão. O Reino de Castela situava-se ao centro da Península Ibérica e tinha como capital a cidade de Toledo, enquanto o de Aragão se situava mais ao norte, tendo como capital Zaragoza. Depois da união de ambos, formou-se o estado espanhol englobando quase toda a península (só ficou de fora Portugal, que havia sido criado em 1385). Mas espera aí! E o estado da Cataluña? Pois é. Pergunte a um catalão se ele se considera espanhol, e você terá de correr.
Como na semana que vem o jogo é em Barcelona, deixarei para entrar em mais detalhes sobre esta cidade em tal oportunidade. Falemos então sobre Madrid, cidade que é a capital da Espanha desde 1561, e é filha da Era de Ouro da corte espanhola.
Como não poderia deixar de ser, a cidade apresenta uma arquitetura extremamente imponente, rica, até extravagante. Tal riqueza se traduz também na gastronomia que se caracteriza pela diversidade de produtos tanto do mar quanto da "montanha".
Para ilustrar um pouco da culinária madrileña, destaco um prato bastante típico, que inclusive tive a oportunidade de degustar em um dos mais tradicionais bares de Madrid, a Casa Alberto, fundada em 1827. Falo do substancioso, e não menos delicioso, callos a la madrileña, ou seja, um belo ensopado de tripa de boi em companhia de diversos embutidos típicos: morcela, presunto cru, chorizo, etc. Não é a intenção aqui passar alguma receita, até porque não existe uma só possibilidade para o prato. Basicamente, é importante tratar bem a tripa (lavar e deixar de molho em vinagre e sal). Deve-se cozinhar lentamente em água com alguns temperos (tomilho, cravo, pimenta do reino) e cebola, alho e cenoura. Após cozida a tripa, juntam-se os embutidos, colocam-se alguns tomates, um pouco de farinha (se desejar um molho mais espesso) e páprica. Deposita-se tudo numa cazuela de barro e leva-se ao forno brando para finalizar.
Nada melhor para acompanhar este prato que uma cañita bem tirada da choppeira de 200 anos por um garçom nascido pouco depois da inauguração do bar. Deixandos os aspectos emotivos de lado, poderia sugerir um tinto robusto da Ribera del Duero. Porém, novamente preferiria harmonizar com uma cerveja, e aí, ficaria com uma lupulada (amarga) Porter seca, carbonatada, com boa presença de álcool para contrastar com a "gordura", a condimentação e o ligeiro dulçor do prato. Um bom exemplar é a da cervejaria Meantime, de Londres.
Termino novamente com um palpite, o qual garanto que estará errado:
Real Madrid 2 x 1 Barcelona
Salúd!