quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Cerveja e Comida - 07/02/2010

Agora que o ano de 2010 realmente começou, já que foi-se o Carnaval, reinauguro o blog. Aliás, já estava ansioso por voltar a escrever, principalmente devido a um acontecimento ocorrido no período intermediário entre um ano e outro (como considero o tempo entre 24 de dezembro e a "quarta feira de cinzas"). Explico: após algumas tentativas fracassadas - perdoem-me pela redundância - de que fosse realizado um evento de harmonização entre cervejas e comidas, a tal ideia saiu do papel no início deste mês. Como tratava-se de um período intermediário, como disse anteriormente, não me foi possível escrever sobre o almoço logo quando este se realizou, mas, de volta à normalidade, falarei sobre o que foi, pelo menos espero, o primeiro de muitos "almoços de domingo na Nygri".

Primeiramente, devo agradecer ao Julio Nigri, dono da delicatessen especializada em cervejas importadas que leva o nome de sua família, composta, aliás, pelo "Seu Marcos" e pela "dona Elza" (pais do Julio), os quais esbanjam simpatia sempre que se entra na pequena loja localizada na Rua Uruguai, perto da esquina com a Conde de Bonfim, na Tijuca. Pequena, sim, mas certamente um dos melhores locais para se degustar uma cerveja! Tudo bem que não é necessário fazer propaganda (o "boca a boca" é o grande lance!), mas vale ressaltar as qualidades dessa casa que permanece um ambiente familiar e aconchegante e que completa 27 anos em 2010. Mesmo contando com apenas um funcionário, o folclórico Deuzimar, ninguém (ou quase ninguém) espera para ser atendido, até em dias de lotação esgotada, e todos os produtos são de altíssima qualidade.

Devidamente apresentado o local do evento, passo para o menu, com inspiração basicamente mediterrânea e que foi composto de aperitivo, entrada, prato principal e queijos: Homus tahine e Mhammara (pasta de pimentão vermelho) com torradas e pão árabe; Salada de aspargos verdes frescos com queijo Feta, ervas e cebola roxa confit; Ragout de cordeiro com feijão manteiga; Roquefort e Old Dutch Master, respectivamente.

Seguindo a sequência dos pratos, foram sugeridas algumas cervejas que, possivelmente, fariam boa combinação. Para as pastas do início, foram sugeridas a belga Duvel (somente para quem gosta de fortes emoções), a Hacker-Pschorr anno 1417, que se portou muito bem ao lado de ambas, e, após intervenção do caro LG, que dispensa comentários, uma English IPA da Greene King, que ficou ótima, segundo ele, com o Mhammara. Para a salada foram sugeridas a Tripel Karmeliet, bem frutada e complexa, com alto teor alcoólico, a Czechvar mais leve e bem equilibrada, e a campeã da etapa, Estrella Damm Inedit. As sugestões para o cordeiro foram as seguintes: Traquair House Ale, uma ale escocesa armazenada em carvalho, escura e forte, que gerou um ótimo casamento; La Trappe Dubbel, que também se portou muito bem; e a Strong Suffolk, mais uma ale britânica armazenada em carvalho, escura e forte, que não deixou por menos. Para o Roquefort foi sugerida a Chimay Bleu ou a Paulaner Salvator. Para o Old Dutch Master, a própria Salvator e as Westmalle (Dubbel e Tripel). Optou-se pela Paulaner Salvator, uma doppelbock avermelhada, frutada e forte, com notas de malte torrado bem presentes, já que, apesar de não ser tão assertiva em relação a qualquer dos queijos, imaginava-se que se portaria bem com ambos. E foi o que aconteceu. Certamente, outras opções seriam melhores, como no caso das duas indicações para o queijo holandês, mas não houve decepções.

É sempre bom lembrar que harmonização é uma coisa extremamente subjetiva. O que para um parece ótimo, para outro pode não ser agradável. Por isso, é importante experimentar e seguir as suas preferências de paladar, ainda que, é claro, não possam ser deixados de lado os fundamentos.

Quanto à avaliação dos convidados sobre a comida: eles foram bem educados...

...e como disse antes, espero que haja outros.

Um abraço e até a próxima.