Informações básicas:
Nome: St. Bernardus Abt 12
Cervejaria: St. Bernardus
Tipo: Quadrupel
Teor Alcoolico: 10%
Comentários:
A cervejaria St. Bernardus, localizada na região de Watou (sudoeste da Bélgica) foi inaugurada em 1930 como uma fábrica de queijos. Em 1946, começou a produzir cervejas para o monastério trapista de Westvleteren e o fez até 1992, quando houve o término do contrato. Vale aqui um comentário: as cervejas produzidas, hoje, na própria abadia cisterciense de St. Sixtus estão entre as mais cobiçadas do mundo, o que se deve, além da qualidade inegável, à dificuldade de obtenção. Isto porque ela só pode ser adquirida por pessoa física na própria abadia. O único estabelecimento comercial autorizado a vendê-las é o bar localizado em frente ao local de produção, chamado In de Vrede, onde se pode degustá-la a um preço acessível (no Brasil, paralelamente, as Westvleteren são vendidas a R$100,00 cada garrafa de 330 ml). É importante que se leve isso em consideração, visto que a mais aclamada das cervejas trapistas de Westvleteren - a 12 (doze) - é feita seguindo a mesma receita da St. Bernardus Abt 12 (ou vice-versa). Enfatizo que não se trata da mesma cerveja, porém, de fato a receita é igual.
Trata-se de uma ale escura e forte (como todas as quadrupel belgas) de alto teor alcoolico. Sua cor fica entre âmbar acobreado e um castanho escuro. É ligeiramente turva e opaca, com espuma bege-claro, alta, densa e persistente (ainda que diminua de tamanho com o tempo). Deve ser servida a uma temperatura amena (8 a 12 ºC) como de costume para este estilo.
Seu sabor é equilibrado entre doce e amargo, com aroma frutado (uvas maduras e uvas passas) e presença do álcool significativa. A combinação deste final bem alcoolico com o paladar de uvas passas (também tem um quê de chocolate com outras frutas, mas menos significativo) me fez lembrar uma bebida comum na Itália, o Vinsanto e, mais especificamente, um "passito" - como chamam comumente - encontrado somente na Liguria, o Sciacchetrà, apesar de normalmente o vinho do porto ser indicado como elemento "presente" nesta cerveja.
Tudo isso me leva a crer que uma harmonização com "cantuccini", biscoitos feitos basicamente de amêndoas, com ou sem uvas passas, seria uma boa ideia, considerando-se que, na Itália, isto é o normal - Cantuccini com Vinsanto. À parte minha epifania gustativa, pretendo seguir o clássico que é harmonizar a Abt 12 com um queijo azul (de preferência não muito forte e envelhecido). Ficaria bom com um Gorgonzola Dolce talvez, ou um Roquefort novo e mais leve.
Gostaria muito de poder comparar a St. Bernardus Abt com a Westvleteren sem precisar ir até o In de Vrede, mas pelo visto, só me resta esta alternativa. Lamentável!
Sem ironias, fico por aqui.
Um abraço e até a próxima.