segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Degustação 4 - St. Bernardus Abt 12


Informações básicas:

Nome: St. Bernardus Abt 12
Cervejaria: St. Bernardus
Tipo: Quadrupel
Teor Alcoolico: 10%

Comentários:
A cervejaria St. Bernardus, localizada na região de Watou (sudoeste da Bélgica) foi inaugurada em 1930 como uma fábrica de queijos. Em 1946, começou a produzir cervejas para o monastério trapista de Westvleteren e o fez até 1992, quando houve o término do contrato. Vale aqui um comentário: as cervejas produzidas, hoje, na própria abadia cisterciense de St. Sixtus estão entre as mais cobiçadas do mundo, o que se deve, além da qualidade inegável, à dificuldade de obtenção. Isto porque ela só pode ser adquirida por pessoa física na própria abadia. O único estabelecimento comercial autorizado a vendê-las é o bar localizado em frente ao local de produção, chamado In de Vrede, onde se pode degustá-la a um preço acessível (no Brasil, paralelamente, as Westvleteren são vendidas a R$100,00 cada garrafa de 330 ml). É importante que se leve isso em consideração, visto que a mais aclamada das cervejas trapistas de Westvleteren - a 12 (doze) - é feita seguindo a mesma receita da St. Bernardus Abt 12 (ou vice-versa). Enfatizo que não se trata da mesma cerveja, porém, de fato a receita é igual.

Trata-se de uma ale escura e forte (como todas as quadrupel belgas) de alto teor alcoolico. Sua cor fica entre âmbar acobreado e um castanho escuro. É ligeiramente turva e opaca, com espuma bege-claro, alta, densa e persistente (ainda que diminua de tamanho com o tempo). Deve ser servida a uma temperatura amena (8 a 12 ºC) como de costume para este estilo.
Seu sabor é equilibrado entre doce e amargo, com aroma frutado (uvas maduras e uvas passas) e presença do álcool significativa. A combinação deste final bem alcoolico com o paladar de uvas passas (também tem um quê de chocolate com outras frutas, mas menos significativo) me fez lembrar uma bebida comum na Itália, o Vinsanto e, mais especificamente, um "passito" - como chamam comumente - encontrado somente na Liguria, o Sciacchetrà, apesar de normalmente o vinho do porto ser indicado como elemento "presente" nesta cerveja.
Tudo isso me leva a crer que uma harmonização com "cantuccini", biscoitos feitos basicamente de amêndoas, com ou sem uvas passas, seria uma boa ideia, considerando-se que, na Itália, isto é o normal - Cantuccini com Vinsanto. À parte minha epifania gustativa, pretendo seguir o clássico que é harmonizar a Abt 12 com um queijo azul (de preferência não muito forte e envelhecido). Ficaria bom com um Gorgonzola Dolce talvez, ou um Roquefort novo e mais leve.

Gostaria muito de poder comparar a St. Bernardus Abt com a Westvleteren sem precisar ir até o In de Vrede, mas pelo visto, só me resta esta alternativa. Lamentável!

Sem ironias, fico por aqui.
Um abraço e até a próxima.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Degustação 3 - Orval

Nome: Orval Trappist Ale
Cervejaria: Brasserie d'Orval (Abbaye Notre Dame d'Orval)
Envasamento: 03/12/2008
Teor alcoólico: 6,2%

A história desta cervejaria é, sem dúvida, uma das mais interessantes. Segundo a lenda, a condessa Mathilde da Toscana, deixou cair seu anel de ouro num lago na região de Florenville, na província de Luxemburgo, sudeste da Bélgica. Preocupada, pôs-se a rezar fervorosamente e prometeu que, se a obtivesse de volta, se empenharia em construir uma abadia no local. Eis que uma truta salta e devolve-a a joia, e, logo, a senhora passa a fazer cumprir a sua promessa.
Justamente por isso há, no rótulo, um peixe com um anel dourado na boca, e, inclusive, é a partir desta lenda que a região passa a se chamar Orval (ou vale do Ouro).

Deixando de lado as fantasias (ou nem tanto), seguimos com alguns comentários sobre o único produto comercializado produzido neste monastério trapista (além desta cerveja, é produzida também a "Petit Orval" destinada ao consumo dos próprios monges e vendida apenas no pub em frente ao mosteiro).
A Orval é, a meu ver, uma cerveja excelente, porém admite opiniões diversas. Há quem a ame, mas há quem a deteste. Realmente ela possui uma drinkability difícil, o que se deve a, basicamente dois aspectos: 1- ela é extremamente lupulada-seca; 2- a levedura selvagem brettanomyces confere um sabor e um aroma de matéria orgânica úmida (floresta) e couro. Por isso é uma cerveja bastante seca, amarga e austera. Seu aroma lembra frutas escuras (ameixa), condimentos, mas predomina o caráter selvagem da levedura.
A cor é âmbar dourada, ligeiramente turva, com espuma branca, alta e densa.
Excelente opção para acompanhar um steak tartare devido ao frescor da carne, o qual harmoniza bem com a secura e o amargor da cerveja. Na falta de uma boa carne crua (já que não se pode comer carne crua em qualquer lugar) experimente um rosbife (de preferência num bom sanduiche com rúcula e queijo cremoso).

Em suma, quem gosta de cerveja deve provar a Orval. Amando-a ou odiando-a, ela é, acima de tudo, um clássico, e ao mesmo tempo, diferente de qualquer outra no mundo.


"Quem ama cerveja se apaixona a cada minuto: distância (de tempo) ideal entre um e outro... gole"


Até a próxima.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Degustação 2 - Gouden Carolus Tripel

Dados

Nome: Gouden Carolus Tripel
Cervejaria: Het Anker
País: Bélgica
% de álcool: 9,0%
Validade: 16/07/2010


Comentários

Cerveja dourada, alaranjada e ligeiramente turva. Creme branco, bastante denso (muito bonito), com boa retenção nas laterais do copo.
O aroma é bem rico, logo que se abre a garrafa percebem-se notas florais e lúpulo. Bastante perfumada (agradável)!
Esta cerveja se caracteriza pelo sabor cítrico (ainda que não ácido) lembrando laranja ou tangerina, bem como por suas notas adocicadas (mel), as quais convivem muito bem com um amargor (lúpulo) significativo, estabelecendo-se um equilíbrio necessário. O final é amargo, mas sem exageros, e adstringente, com leve percepção de álcool.
Excelente cerveja, cuja harmonização com frango ou leitão assado com laranja (prato principal) ou simplesmente com um queijo holandês não muito fresco, mas também não tão envelhecido - acho que o Old Dutch Master seria uma boa escolha, já que trata-se de um queijo denso, mas ainda cremoso, com notas adocicadas - se apresentaria bem. Vale experimentar!

Até a próxima!
Um abraço.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Degustação I - Achel Blond


Dados da cerveja

Nome: Achel Trappist Blond
Cervejaria: Trappistenabdij de Achelse Kluis
País: Bélgica
% de álcool: 8,0%
Validade: 26/11/2009




Comentários
Cerveja dourada, ligeiramente alaranjada, com espuma extremamente abundante, logo que é servida (depois diminui), persistente e com bolhas de tamanhos variados (umas bem pequenas formando um creme mais denso no centro do copo), o que não é o mais aceitável para esta cerveja, que costuma apresentar creme bastante denso e perene - isto se deve, provavelmente, a problemas no transporte, ou até à proximidade da data de vencimento. Há grande quantidade de partículas suspensas (claras e pequenas).
O aroma é frutado, ainda que discreto. Difícil de identificar. Lembra frutas frescas (damasco?). O sabor é ótimo, delicado, com significativa percepção de levedura. O fim é bom e a sensação de álcool existe, mas em harmonia com o resto. Boa carbonatação. Sensação agradável.
Ótima cerveja, ainda que, dentre as trapistas, não seja uma das minhas favoritas.

A harmonização com um queijo curado e gorduroso (parmesão, pecorino, grana padano, entre outros) é excelente. A carbonatação corta a gordura e o ligeiro amargor, juntamente com o álcool do fim, se integra muito bem com o gosto forte do queijo (gosto tal que se deve justamente ao "envelhecimento" deste).

obs: vale ressaltar que esta cerveja deve ser consumida "cedo", ou seja, próximo à data de envasamento.

Um abraço, e até a próxima.